Paul Graham em tempo (quase) real

Paul Graham é um dos melhores ensaístas no setor de empreendedorismo, inovação e financiamento de startups. Os textos são excelentes e você fica com uma pulga atrás da orelha de como foi o processo para criar algo daquele tipo.

Você não precisa ficar mais curioso. Ele capturou o processo de criação do texto “Startups in 13 Sentences” e colocou para você ver. Todas as edições, dúvidas, mudanças tudo ao seu alcance, se clicar aqui.

Power to the people – Shanzai

Uma vez escrevi um texto chamado Power to the people (aqui). Nele comento a queda no valor dos meios de produção, permitindo uma nova classe de trabalhadores criativos.

Vi hoje no blog do Bunnie (já comentei dele antes aqui em uma coluna para o Forum PC´s) uma matéria sobre um movimento na China chamado Shanzai. Eles são rebeldes, individualistas, underground e auto-empregados. São eles que fazem estes celulares com dois sim-cards, celular com TV, cópias de iPhone etc etc etc. Grupos de algumas dezenas até algumas centenas. Alguns altamente especializados em pontos específicos da cadeia de produção. Um grupo de 250 produz 200.000 celulares/mês com um grande mix na produção (Toyota rulez)

Leia a matéria, eu sempre me perguntei a origem destes eletrônicos sui generis que vemos em locais como Santa Ifigenia, 25 de Março, Feiraguai etc. A parte mais importante e interessante da matéria é:

“I always had a theory that at some point, the amount of knowledge and the scale of the markets in the area would reach a critical mass where the Chinese would stop being simply workers or copiers, and would take control of their own destiny and become creators and ultimately innovation leaders.”

A china alcançou uma massa crítica de conhecimento, acesso a meios de produção, oferta de mão de obra, conhecimento e matéria prima que permite iniciativas como esta. Se o caldo de cultura estiver correto, o próximo silicon valley pode aparecer lá.

Leia o posto do Bunnie em  Tech Trend: Shanzai. Leia os comentários, veja a discussão de Bunnie com outras pessoas sobre o modo de produção (fábrica no andar superior, loja no térreo), custos de produção etc.

Veja mais ChinaTology, parece que a Wired vai sair com uma matéria sobre o assunto.

Óculos facilmente ajustáveis

Como distribuir milhões de óculos para pobres? Que tal fazer lentes que sejam ajustáveis via seringas? Foi isso que Joshua Silver, ex-pesquisador de Oxford, fez e está começando a comercializar via a empresa Adaptive Eyecare. É uma forma de tornar acessível para milhares (milhões) de pessoas óculos que da forma tradicional elas não conseguiriam. Isso é inovação.

Mais sobre o caso: aqui e aqui.

Fazendo algo 40x melhor.

Guy Kawasaki no vídeo dele fala de fazer algo 10x melhor. Ex: Quando a Amazon foi criada, ela disponibilizou 10x mais títulos do que em uma loja física.

Incubadoras neonatais são equipamentos que chegam a custar US$ 40.000,00. Estes equipamentos são muitas vezes doados (em quantidade insuficiente) para países do terceiro mundo. Quando quebram são descartados, pois não tem técnicos para consertar, nem peças de reposição.

Jonathan Rosen, da Universidade de Boston, olhou o problema sobre outro angulo. Reconhecendo que as caminhonetes da Toyota funcionavam de qualquer forma em qualquer lugar ele lançou o desafio de construir uma incubadora de bebês a partir de uma caminhonete Toyota 4Runner.

Moral da história: Eles desenvolveram uma incubadora básica, funciona, 40x mais barata e que pode ser consertada por um mecânico de automóveis.

Leia mais aqui ou aqui.

O que é inovação?

Eu ouço muita gente falar de inovação. Gestão da inovação. Equipes inovadoras. 99% dos casos é bullshit. Não vejo resultado.

Quer um bom exemplo de inovação? O que você acha de “hackear” um telefone celular usando um LED, um filtro polarizador e alguns fios para substituir um equipamento de alguns milhares de dólares?

Este celular Sony Ericsson foi modificado para visualizar células do sangue, realizando o trabalho de equipamentos muito mais caros.

O paper sobre o projeto, alguns artigos aqui, aqui e aqui.

me too OR NOT me too???…

Este foi um título de uma mensagem de Silvio Meira em uma lista da Sociedade Brasileira de Computação. Em uma excelente provocação que questiona se a gente sempre vai ficar esperando um modelo de fora (que muitas vezes não funciona) ou se a gente vai inovar (não dizem que brasileiro é criativo?) em modelos de gestão, politicas públicas etc.

Quando o Sr. Bautista Vidal ajudou a conceber o Pró-Alcool, ele não se baseou em nenhum modelo estrangeiro. Ele simplesmente fez uma análise da nossa realidade e propôs algo adequado ao nosso país.

Quando Edmar Bacha, Persio Arida e André Lara Resende (entre outros) criaram as bases do Plano Real, eles tiveram como partida uma tese de doutorado brasileira feito no MIT que identificou uma das características únicas na nossa inflação (inflação inercial) e criou a moeda intermediária (URV) para eliminar esta característica do processo. O plano que eles criaram, NÁO TEVE AVAL DO FMI!. Se a gente ficasse esperando um modelo, uma autorização, talvez ainda estivéssemos com as taxas inflacionárias daquele período.

O que eu pergunto é: porquê este sentimento de segunda categoria (complexo de vira lata) que não nos permite tomar a iniciativa e ousar algo diferente? porquê sempre procurar um modelo para cópia (e não como referência) externa?

Semana passada estava apresentando uma proposta. Ao final alguem perguntou “aonde no mundo já se fez algo semelhante?”. A minha resposta foi: “a proposta não é válida ou você está procurando um conforto na tomada de uma decisão difícil?”

Segue o texto original do silvio meira:

concordo e assino embaixo do que o palazzo disse.
o brasil tem MANIA de ME TOO.

*vou fazer mais do mesmo que todo mundo faz*.
e ai, neste caso, seguir gente grande e ROUBADA. sempre.
o negocio, como se sabe, NAO e ir ATRAS da bola, mas correr pra onde a bola VAI ESTAR. perguntem a quem sabe jogar. me too e ATRAS da bola…

como a gente faz, como pais, quando tenta implementar POLITICAS de paises mais ricos/sofisticados com uma DECADA ou mais de atraso… quando as vezes elas NEM DERAM CERTO por la.

e PRECISO INOVAR. inovacao e a UNICA fonte de aumento SUSTENTADO de COMPETITIVIDADE. ta cheio de gente chegando, recem-doutor, num lugar qualquer e querendo montar SEU laboratorio, exatamente como tinha na sua instituicao de doutoramento, pra continuar *publicando* na *sua* area. mais do mesmo é isso aí mesmo. e ai sempre se vai muito perto. muito mais perto do que se poderia ir.

precisamos OLHAR, VER, ESCUTAR, OUVIR e ENTENDER o contexto. como os 500 milhoes de reais pra inovacao nas EMPRESAS so este ano, na finep, a fundo perdido, no edital de subvencao. UM PAIS MUDANDO ao nosso REDOR. e a gente querendo fazer MAIS DO MESMO. ano que vem tem mais. muito mais. fala-se em 700M.

me too, tambem, é tipo mais de uma duzia de candidatos pra tres vagas no CIN/UFPE. legal pro cin, pode escolher MUITO bem. mas é mais do mesmo.

cade as propostas revolucionarias, de centros inovadores, em INFORMATICA PRO AGRONEGOCIO, pais afora? quantos de nos ja rodaram mato grosso de CARRO, pra sentir o tamanho da demanda?… [so pra dar um exemplo?…]

movamo-nos. sempre e tempo. tempus fugit. ao ives de reclamar da FORMA dos concursos, CARPE DIEM. inventemo-nos. vamos criar um OUTRO mundo, se o que ai esta NAO nos serve. e… [como diz palazzo -e a minha vó amara] YES, we CAN!

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